terça-feira, 7 de setembro de 2010

O inimigo não dorme

Por Luís Alberto Ferreira

     Os petroleiros têm cobrado dos seus sindicatos o ingresso com ações na justiça trabalhista acerca de horas extras suprimidas, isonomia de remuneração mínima, plano de cargos e aposentadoria especial, entre outras demandas. Não há dúvida que são questões de vital importância para a categoria, o problema é a forma como pretendemos alcançar essas conquistas.
     Foi disseminada a idéia de que a Justiça do Trabalho vai resolver todos os problemas dos trabalhadores, o que não é verdade. A Justiça, seja ela qual for, nunca privilegiou os trabalhadores, ou os mais fracos economicamente ou as classes sociais mais baixas. Ao contrário, a justiça é burguesa, feita para ela e a serviço dela. Não podemos nos iludir.
     Historicamente, o trabalhador somente conseguiu melhorias por meio da luta, fazendo paralisações, greves e dando prejuízo econômico ao patrão opressor. Todas as conquistas obtidas pelo proletariado desde a revolução industrial, quando a jornada de trabalho era escravizante e a mão-de-obra recebia como pagamento não mais que um prato de comida, foram resultado do sacrifício de milhões de trabalhadores que desde então lutaram contra tudo, e com todas as dificuldades, para garantir o mínimo de condições de trabalho.
     Contemporaneamente temos o exemplo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Até hoje esses trabalhadores estão na luta pelo seu direito ao trabalho, consubstanciada em reivindicar do governo e da sociedade brasileira uma reforma agrária que viabilize o seu direito a um pedaço de terra para produzir.
     Vale lembrar que não por acaso a categoria petroleira é hoje uma das mais importantes do país e sua representação é a vanguarda do movimento sindical. Nossas conquistas sempre foram obtidas na luta. E não ficamos restritos a reivindicar melhores salários. Atualmente estamos buscando influir politicamente para garantir a soberania brasileira do petróleo e do pré-sal.
     Não podemos perder de vista o que somos e o que queremos. Somos trabalhadores, proletários, peões. Trabalhamos na maior empresa brasileira, mas não deixamos de ser chão de fábrica. E nossas conquistas não cairão do céu. Elas exigirão muito sacrifício. Não é a justiça burguesa que vai garantir nossos direitos, teremos que conquistá-los na raça, na luta, na força da nossa união e mobilização.
     É preciso que os petroleiros tenham consciência tanto da sua condição, quanto do seu papel. E que tenham também em mente o alerta feito pelo importante escritor e filósofo Leandro Konder em entrevista ao jornal Brasil de Fato: O inimigo não dorme.

     Artigo publicado em 05 de novembro de 2009 no informativo Unidade Nacional nº 151 do Sindicato dos Petroleiros de Duque de Caxias – Sindipetro Caxias.

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