quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Impostão é a nova farsa da elite branca

Por Luís Alberto Ferreira

     Os industriais brasileiros têm veiculado na mídia, nas últimas semanas, publicidade que menciona o imposto incidente sobre alguns produtos industrializados consumidos pela classe média brasileira. A mídia nativa, cumprindo seu velho papel de propagar a ideologia patronal, repercute a campanha nos seus telejornais. A propaganda empresarial afirma que os impostos incidentes sobre os produtos comprados pelos cidadãos-consumidores brasileiros são demasiadamente altos e os benefícios oferecidos pelo governo muito poucos. O problema é que tal publicidade reproduz uma farsa, cujo objetivo imediato é dar discurso para a campanha do candidato Serra e mediato o de passar a idéia da necessidade de uma reforma tributária que aumentaria ainda mais o lucro dos capitalistas.
     Nem todos os cidadãos brasileiros estudaram minimamente economia para saber que o preço de um produto nada tem a ver com o imposto ou a carga tributária que incide sobre ele. A formação do preço não tem qualquer relação sequer com o custo financeiro, da matéria-prima, da energia ou da mão-de-obra utilizadas para produzi-lo. O que verdadeiramente determina o preço de um produto é o quanto o consumidor está disposto a pagar por ele e a velha lei da oferta e da procura. Todos os demais fatores citados (custo financeiro, matéria-prima, mão-de-obra e energia) servem apenas para que o empresário saiba se será lucrativo fabricar tal produto.
     Em 2009, durante a crise econômica mundial, que no Brasil não passou de marola, o presidente Lula reduziu impostos sobre os eletrodomésticos e automóveis. Providência tomada com o fito de manter os empregos nessas indústrias. A redução do preço desses bens de consumo só ocorreu em razão de acordo do governo com os empresários do setor. Não necessariamente a redução de impostos virá acompanhada da diminuição do preço de um produto, tendo em vista que esse preço é determinado, como já dito, pela lei da oferta e da procura.
     Portanto, a publicidade veiculada massivamente na mídia pela Firjan e pela FIESP, que destaca o impostão, em verdade é uma defesa do interesse não do cidadão-consumidor, mas do próprio empresariado que quer pagar menos tributos e lucrar mais.
     É óbvio que todos os brasileiros desejam a redução da carga tributária, mas o Estado ainda precisará de muitos recursos para garantir os investimentos em infra-estrutura tão reclamados pela própria mídia. É importante que o governo brasileiro tenha uma maior eficiência na aplicação dos recursos públicos para, gradualmente, reduzir os impostos, principalmente dos bens necessários às camadas mais pobres da população.
     Cabe ao cidadão-consumidor da indústria cultural, por sua vez, manter um olhar crítico sobre o que é veiculado em meios de comunicação de massa como televisão, rádio, jornais e revistas, sob risco de estar reproduzindo uma ideologia que interessa apenas a um grupo de privilegiados ou uma nova farsa da elite branca paulistana preconceituosa e retrógrada.

     Artigo publicado em 09 de setembro de 2010 no informativo Unidade Nacional nº 198 do Sindicato dos Petroleiros de Duque de Caxias - Sindipetro Caxias.

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