O mundo acompanha – estupefato – os acontecimentos na usina nuclear de Fukushima, no Japão, em que houve vazamento de produto radioativo para o meio ambiente, o que poderá provocar a morte por câncer de milhões de pessoas em todo o planeta. Neste momento, em todos os continentes, se discute a necessidade e os perigos da utilização da tecnologia nuclear para produção de energia.
Em muito menor proporção, mas tão trágica quanto a contaminação por radioatividade, pois também pode atingir seres humanos e causar câncer, é a exposição ao benzeno. Enquanto se lê estas notas, milhares de trabalhadores estão sendo expostos a esse produto carcinogênico em todo o mundo, especialmente nos países periféricos como Brasil, Índia, México, Indonésia, entre outros, cujas indústrias ainda não estão tecnologicamente adaptadas para minimizar a exposição.
A exposição humana ao benzeno é um problema global de saúde. Estudos realizados por organismos médicos em todo o mundo concluíram que o benzeno pode causar sangramento excessivo, debilitar o sistema imunológico, alterar o ciclo menstrual e reduzir o tamanho dos ovários em mulheres, atingir rins, fígado, pulmão, coração, cérebro e, mais comumente, a medula óssea, provocando leucemia.
No Brasil, o que mais preocupa é que o benzeno não está presente apenas nas indústrias petroquímicas e siderúrgicas. O risco é ainda maior para os trabalhadores dos postos de combustíveis e oficinas mecânicas que, pelo próprio tamanho das empresas em que trabalham e pela falta de informação, estão muito mais sujeitos a adquirirem doenças ocupacionais relacionadas ao benzeno. Sem contar a dificuldade do acompanhamento médico desses trabalhadores que, muitas vezes, não têm qualquer especialização e migram para diversos outros segmentos do mercado de trabalho.
A bancada dos trabalhadores na Comissão Nacional Permanente do Benzeno (CNPBz) vem lutando para reduzir o Valor de Referência Tecnológico (VRT) das indústrias petroquímicas e siderúrgicas a fim de obrigar as empresas a investirem em equipamentos que minimizem a exposição, cadastrar todas as empresas que produzem e transportam o produto, bem como implantar, em todo o Brasil, o Sistema de Monitoramento de Populações Expostas a Agentes Químicos (SIMPEAQ) para acompanhamento dos trabalhadores que, em qualquer período de sua vida laboral, estiveram expostos a agentes químicos como o benzeno.
Benzeno mata! É preciso que as empresas que produzem, armazenam, utilizam ou transportam o benzeno, ou produto que o contenha, invistam em tecnologia para minimizar os riscos e façam o controle médico de todos os trabalhadores expostos. É de vital importância que os trabalhadores das grandes indústrias brasileiras, como os da Petrobrás, façam a sua parte, adquirindo uma maior consciência e assumindo a responsabilidade de difundir o conhecimento sobre o risco silencioso do benzeno, que tem potencial para ceifar precocemente a vida de parte significativa da população trabalhadora.
Artigo publicado no informativo Unidade Nacional nº 232 do Sindipetro Caxias em 31 de março de 2011.
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