sexta-feira, 4 de março de 2011

“Quem manda aqui sou eu”

Por Normando Rodrigues*

     O que leva uma pessoa a destratar e agredir, cotidianamente, seus subordinados no trabalho? Sem pretendermos uma incursão nos reinos dos “distúrbios da alma”, ficamos com respostas oferecidas pela ética:

(a) simplesmente não enxerga aos demais como seres humanos detentores dos mesmos direitos que pretende para si;

(b) tem a si mesmo como uma pessoa desmerecedora de respeito e consideração e, portanto, julga assim poder agir com qualquer um.

     Essas duas hipóteses deveriam ser analisadas com mais atenção por quem pretenda refletir sobre a estrutura social da Petrobrás. E essa reflexão é urgente, pois há uma evidente cultura de assédio, perseguição, e agressões verbais.
     Cultura sintetizada em diversos episódios, nos quais os trabalhadores são coagidos a emitir permissões de trabalho que não poderão acompanhar, a ignorar normas e procedimentos de segurança, a não questionar a conduta gerencial, mesmo quando manifestamente prejudicial à Empresa, coagidos, enfim, a não se opor aos desmandos cotidianos.
     Certamente existem os que assim agindo acham que não existem unidades deterioradas, corroídas, com centenas de requisições de serviços de manutenção pendentes. Muito menos existem acidentes. Basta, no máximo, que ele grite, e então, como num passe de mágica, tudo isso acaba.
     Não temos a menor esperança de que os membros da cultura gerencial “Brucutu” venham a ler e refletir sobre ética e dignidade humana. Aparentemente são casos perdidos. Mas os trabalhadores podem e devem agir, coletivamente, quanto a isso, antes que se contaminem com a bestialização daqueles que lhes deveriam inspirar liderança e respeito.

*Assessor jurídico do Sindipetro Caxias

     Artigo publicado no informativo Unidade Nacional nº 228, do Sindipetro Caxias, em 04 de março de 2011, e no informativo Nascente nº 688, do Sindipetro-NF, em 03 de março de 2011.

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