Por Normando Rodrigues*
Por invocação de Serra, setores reacionários da Igreja Católica manifestaram-se explicitamente nas semanas finais das eleições, a ponto de encenarem uma farsa capaz de empalidecer bons católicos.
No dia da Padroeira do Brasil, por determinação do Arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis, Mônica Serra recebeu, como se fora “enviada” pelos mineiros do Chile, uma réplica da imagem tricentenária. Como prêmio, uma semana depois veio a notícia de que dom Raymundo seria nomeado Cardeal.
Boa parte dos integrantes da Igreja se indignou com tais atitudes. A opção por Serra, explícita ou velada, causou protestos por parte de diversos teólogos, líderes religiosos, pastorais, associações, do grupo “Católicas pelo Direito de Decidir”, e da própria Comissão Brasileira de Justiça e Paz, órgão vinculado à CNBB. Em geral apontaram como ilegítima a intervenção na escolha política dos fiéis, pouco afeita a um Estado laico e democrático.
Apenas mais um capítulo de um milenar embate no qual, de um lado, opera a Igreja de Cristo, de Francisco, da vida eterna que se constrói enquanto se luta por igualdade e justiça. Dos trabalhadores, explorados, excluídos, pobres, desvalidos. De outro a Igreja do luxo, dos acordos secretos, dos palácios suntuosos, das guerras, das perseguições e torturas.
A novidade é que esse último lado, o dos “Torquemadas”, que não agia tão abertamente desde 1964, e saiu-se agora como vencedor. Ocupou mais espaço do que merecia, pautou o debate político do 2º turno, e dificilmente deixará de repetir seu intento no futuro, seja qual for o “aborto” que então se utilize como pretexto.
*Assessor jurídico do Sindipetro Caxias, Sindipetro-NF e Federação Única dos Petroleiros.
Artigo publicado no informativo Unidade Nacional nº 211 do Sindipetro Caxias, em 17 de novembro de 2010.
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