sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Democratização x Golpe de Estado: 3 de outubro responde

Por Normando Rodrigues*

     Em recente enquete do próprio UOL, 83% dos opinantes denunciaram que a cobertura da mídia é escancaradamente favorável a José Serra, caso extremo de abuso de poder econômico eleitoral. Os colunistas todos, ou quase, que servem aos Frias, Mesquita, Marinho e Civita, dedicaram-se nos últimos meses a atacar o Governo Lula, ou sua candidata, sem que nenhuma ação moderadora tenha sido tomada por parte do TSE. Analistas eleitorais não escondem o desgosto com que apontam a provável maioria do eventual novo Governo no Congresso, e concluem abertamente que o novo quadro é "ruim para o Brasil", sem nenhuma lembrança das maiorias parlamentares compradas nos Governos FHC . A CNBB, de forma velada, orienta sermões que condenam o voto em Dilma, casuisticamente pondo de lado a equivocada interpretação dada ao adágio "a César o que é de César".
     As razões para tantas manifestações no melhor estilo TFP e Opus Dei são bem simples: Esse contingente tem verdadeiro horror a qualquer avanço do processo de democratização brasileiro, por mais tênue ou tíbio que seja. Reduzir a desigualdade social, duplicar o número de vagas em universidades públicas, incentivar cotas étnicas e sociais, estimular o debate sobre a finalidade social dos meios de comunicação, tudo isso ainda causa pânico às obscenas elites brasileiras, aquela que, com menos de 2% da população, está acostumada a se apropriar de mais de 50% do PIB nacional.
     Essa elite, da qual Folha, Estadão, Globo e Veja são fiéis aparelhos ideológicos, não tem qualquer compromisso com a democracia. Nem mesmo com a democracia meramente formal, no estilo USA que tanto idolatram. Diversos segmentos políticos desse campo vêm mantendo conversas com setores das Forças Armadas, mais especificamente entorno dos clubes militares, com vistas a "alternativas de ação política", entenda o eufemismo quem tiver coragem para enfrentar a ameaça. Conversas que incluem desde declarados fascistas, como o Vice de Serra, a "bons mocinhos" da neodireita brasileira, como Fernando Gabeira e Alfredo Sirkis.
     Juntos fabricam um 2º Turno, a rigor uma nova eleição, no qual Marina e Serra, coerentemente juntos, possam afastar o "Perigo Vermelho". Assim, não apenas a acumulação de capital estará garantida como, de quebra, o irrestrito acesso dos EUA às reservas do Pré-Sal. Se não der certo, intentarão o 3º turno, um golpe de estado com fundamento jurídico roto, como foi o de 1964, condicionado meramente pelo resultado eleitoral de agora, e pela popularidade do novo governo.
     É isto o que está em jogo no dia 3 de outubro. É sobre esse quadro que as agremiações da esquerda deveriam refletir, antes de reproduzirem o discurso udenista de Serra e Marina, e trotsquistamente colocarem azeitonas nas empadas do Capital.

     *Assessor Jurídico da Federação Única dos Petroleiros, do Sindipetro Caxias e do Sindipetro-NF.

     Artigo publicado na página da Federação Única dos Petroleiros (FUP) na internet.

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